Power
Ela misturou o lixo.
Não quis tomar café.
Vai tomar cappuccino.
Ela acordou REVOLTADA!



Lou Reed e a Vaca
lou reed tenta acalmar meu coração
que bate forte e rápido
o que seria de mim sem meu tapete de vaca?




Suicídio
a menina das botas verdes
ela ia cortar os pulsos
mas preferiu cortar a franja




Natureza
Cupins
Gatos
Formigas
Mosquitos
Eu desisto de ser humano
...
vou ser fantasma




Mergulho
tendência a afundar!
mas é sem exclamação
é sem nada
é vazio.
o vazio tem ponto final?




Cores
Sangue azul
calcinha vermelha




Má Intenção
Ela sai à noite com o óculos escuros na bolsa




Chá
Ah, se o chá de capim-santo
fosse santo...
sabe o que eu pediria?
Mais um chá por favor.




Mais Cores
conta no vermelho
cabeça em furta-cor




São Paulo
perdi minha bolsa
e nem te amo
te amando
delirando
mongolando
andando
onde
manda
o mundo
bunda
moribundo
besta 
sexta 
sábado 
e domingo.
anestesiada!
é são paulo
é chão de taco
é tabaco
não falta pó
não falta nada.

  *


falta dinheiro
falta passagem
mais larga
mais longe
tem tempo
tem sobra
o mundo todo grita
chega ! chata
vai dormir que eu cansei


Assim
si 
mas mar
meu amor é fora do tempo
é abstrato 
não tem intenção certa
concreta
mas caminhos dispersos
um amor folgado
e aquático
que sem querer
nada


Um Mal Necessário
Seguro?
Seguro nada.
Seguro de vida
Seguro de carro
Porto Seguro
Não
nem obrigada
Preso nada presta
Nada preso presta
Presta preso nada.
Deixa escapar!
Deixa espalhada!
Esparramada
como as roupas no chão do quarto
mas ele diz:
é um mal necessário.
mais um?
eu digo.
maus são supérfluos 
mal querido
mal criada
Segurança só o cinto
e eu já sinto muito.




O Filósofo 
é macaco!
mono 
monossilábico
Escreve grego 
ri judeu
bebe comunista.
E o morcego
ri também
voa à deriva
Viva Ernesto! 
Viva Valentina!
beijo leve
na bochecha 
Denise Paulo 
Miguel Berenice
Outro na testa
chama Clara  
chama Antônio. 
pode torcer o nariz
é minha a rosa do meio fio.




77 
chega de números! 
de sinais! sai!
vai embora! 
arranca a casquinha 
deixa a pele papel 
sangrar
cortado
desempregada 
de férias
despede 
despedida
fere
e lá vai: 
constrói destrói
cansa descansa
Não peça nada.
calado! 
calada!
flutua suspensa
e depressa dispersa 
sem perceber que dói
em espiral esquizo
chega ao centro.
sem autonomia de vôo
corre! 
a novela começou 
e o café tá na mesa.  




Rio de Janeiro
Ela é da yoga e da cocaína
meio hippie meio punk
bebe vodka com a pomba
gira e equilibra
¡mamita me mate!
Leão




ok.vou dormir
mongolando
subjetiva indevida 
da mesa do mar da bicicleta 
do uruguay 
das nóias em conserva
vou dormir de verdade.
whisky cachaça e cerveja
nem amigo nem amante
amanhã 
mas ontem 
lendo e escrevendo
coisas de tempo 
caminhos
caminhos - que pra mim são emaranhados
ninhos
som de caminhos se cruzando loucamente
tssshuf...tchhhaaaf...zzzum...sssshhhh
é muito
bate e volta
e vai


a garçonete
ela pensava:
todo mundo que preste
um dia já foi 
garçom ou garçonete
nem que seja um dia
uma hora
uma tristeza
uma alergia
posso retirar?
meu avental mágico
tchun!
estilo mulher maravilha
ah! a mesa…
tô indo
mulher invisível
sorte das plantas  
elegantes e blasés 
já eu,
deixaria um coco cair
no seu prato.
bem coquete!
aceita uma água de coco?!


te gusta?
ella gustaba
de gustavo
pero gustavo
hablaba
aquí no estoy
aquí estaba!
¿te gusta de 
fantasmas?

¿que sé yo?
degustaba
tu nombre dice
es pasado
finito in
yo solo camino 
sin comienzo 
y ni fin


nhen nhen
nhen nhen nhen
nhen nhen nhen?
nhen nhen
nhennhen nhen
nhen nhen
nhen nhen nhen
nhen nhen nhen?
nheeeeeeen!
nhen nhen nhen 
nhen nhen
nhen


Arqueologia do Desterro
fui cavar e descobrir
de que pedra era feita
o bicho  que saiu dali
vi uma beleza dura
de melancolia selvagem
e natureza em fúria
ao mesmo tempo
em que oprime
eleva forte
sem dó sem mi sem lá
eram mil sons
e nenhuma música 
puxei a faca e
matei o mito no grito
que agonizando doce
dissolveu isento
sem dó sem mal sem lar


no lugar
sai do banho 
demorado 
e não encontra
a toalha
em cima da cama
o namorado
espera
a chave
do lado de fora 
no banheiro 
ou no quarto
frio 
o café 
da xícara 
abandonada 
bate a porta
bota pra repetir
a música da sala 
pra cozinha
esquece 
o que foi 
buscar
foi tesoura,
céu ou celular?




mulher minhoca
a mulher minhoca
cresce e encolhe
num vai e volta
que revolta come
de recorte e cole
que de leve  some
não fosse o barulho 
lá fora
que 
chama  queima 
a manha
e toda parte 
parte 
em pedaço
de dor e de medo
ameaça graça
e lança sua dança 
entorpecida
que ora si entoca
na espera torta
ora si evoca
e da caçada gosta
pra ver o que já era 
pra ver o que vai vir
se primeiro primavera
ou inverno de jardim 




Recife Puta
Recife é uma puta!
Só não cafetina por incompetência.
Arrombada como as calçadas
das suas estreitas ruas.
Mete cimento em sentimento.
E na pele maltratada pelo sol 
e pela farra
Mete reboco.
É puta de coração oco.

Puta vivida 
doida e doída
mal vestida e maltratada
Puta suja!
ainda que bonita
é atrapalhada.
bebe baby bebe
fuma baby fuma
durma baby morra

Romances passageiros
de passagem barata
grita xinga
toma cachaça 
Perde as estribeiras!
volta de pó em pé
cerveja quente
mulher demente.


Maria

minha mulher
não
eu não sou sua
ex mulher
não
minha buceta
entre minhas pernas
continua
seja meu homem
sem eu ser sua dona
seja meu amo
sem em mim mandar
almoce no café
me coma no jantar
durma ou suma
num domingo
ou numa quinta
mas não reclame
se um dia
nhac!
eu virar Maria
sem vergonha
bonita ou sapatão
corto sua cabeça
e te como com pirão.


melhor dois voando

da nave
ela 
você neve
mundo frio
repete mudo
de nave 
ela muda
quente
derrete 
muge
não sei o quê
num sei que lá
qualquer coisa
em algum lugar
transparente
transborda
urge!
moça alheia
escorrega
rosa

é choque
de elo amarelo

sol insiste 
leste
você existe
morto



telepatia

vontade
de osmose
quase sonho 
suave 
guia
solta 
leva 
leve via
toca cola
ria 
fundo 
fode funde
foge
ar 





telemarketing
e tu? 
tu tu tu
eu?!
blá blá 
blue!!!
ocupado
disque vermelho 27
deu blasé. 
sei...
z
z
zuuuuuum 
blackout
out!!!!!
bate salve todos!
coution...
o quê?
eu só queria saber
o Z da questão
ãhn?
de você!
ah, babau! 
favor anotar protocolo:
oxe oxe tchau!


feriado

era tal vez
dividido
talvez divino.
mãos estendidas 
em mesa bamba
um homem

de pele osso 
e vento.
o velho moço 
louco
galopa 
num mar de 
indecisão 
sai só sem sol
come o que dão
e vinda a dor
da dolorida cor
azul 
mata verde
com arma branda
e grita:
faça uma lista!
desista!!!
beba e não pague
Só corra solidão
e traga mais uma lua 
para um velho safado!


nem A nem Z

deixa a vida pela metade 
e delira em plano sequência
edita em corte seco
o que resta de lembrança
decapita e não-lógica
em forte contraste
satura e queima
a pseudo película
revela luz triste
godard cai da cama
e dissolve em piazzolla 
a inquieta garota não sofre 
enquanto dorme ela quase goza



Preguiça
cansei de projeto
de artista
de crítica
de ativista
de governo
de janeiro
de cnpj
de mongol
de idiota
de não ter plano
e ter que ter plano
de telefone tocando
de sol
de índio morrendo
de arte cabeça
de curador
caô caô
de festinha
nhen nhen nhen
hoje eu tô um horror
com preguiça de ser triste.




A felicidade
Acordou assim
Feliz
Mas há de se ter cuidado
A coisa pode ser física
ou pode ser que nem exista
Vai ver são os hormônios
ou aquele amor
anônimo
Completamente apaixonada
mas sem saber por quem
Talvez por ela mesma
talvez por ninguém
foi embora
Saiu
dançou
bebeu
E só no OUTRO dia
foi que morreu 



Tião

te amo
te amo } Tião 
te amo
Tião = Te amo rápido


O Sumo

no submundo
do avesso
invisível
a felicidade
incomoda
me move 
empurra
me joga 
fora
transito
tentando me apoiar
em alguma rola
devagar
sem ácido
nos delírios
acentuados 
pela manhã
em pó


Volátil

no mesmo lugar
uma âncora flutua
na extremidade
da escrita maníaca
a solitude que alimenta 
é a mesma que consome 
eu, didi, mussum e zacarias.
subo o degrau pro precipício 
e a linda vista 
justifica a queda.
o sofrimento é vazio.
quase inventado
quase falso
nao usei capacete
por amor 
não vou usar.
só uso a noite 
a bicicleta e o mp3.


Besta

Talvez pra você 
eu seja besta
Talvez pra mim
você seja besta
Talvez Besta
nos leve pra jantar!




meia volta
com todas as letras 

vc é meu lixo

com todas as letras
ninguém diz nada
com todas as letras 
eu salto

com todas as letras 

...nada! 
é meio caminho
de atalho errado.

com todas as letras
eu lua cheia

abismo estrada.

com todas as letras,
freio. 
Não era amor.
foi um surto
curto circuito 
encruzilhada.
Ai, não...me larga! 



humano burro


tu que
se agarra
a fórmula
ao forte
ao fácil:

te queria
MAIS
MENOS.
mais fraco
mais calmo
mais vivo
mais outro



À Casa

Gosto de ser
assim selvagem
onde as raízes 
do teu quintal
se enroscam nos
meus pés 
com poucas folgas
muita cócega 
e alguma dor



O Nado

nesse caso
era consciente.
saí da areia e fui até lá.
pq o bom, o bom mesmo
é levar uma vaca
em outro mar.


Despacho aberto

viajei por viajar
fiquei por ficar
morri por morrer
em mim
por morrer
de rir


Resposta ao Pai

Ora luta ora fuga
Ora revolta
Pura
Dura
Que se dane tudo!

todo prazer
força respira
micro magro
migro?
Sigo.

eu sou só
mais uma dessas
pessoas fáceis,
que aqui nascem

Faca
feito grama no jardim
Mas o que fazer?!
ai de ti!! ai de mim!
Foi justo no caos 
que flori.


Teimosa

Quer ir só?!
Então vá!
Sem Piedade
Sem Barra de Jangada
Sem nada.
Boa viagem, Pina!



Feminino

Ela fechava sua porta
Eu fechava a minha
Na verdade, ela fechou um pouco antes.
Não cheguei a vê-la.
Som estéreo
Pendurei minha bolsa

Abri meu cinto 
Mistério.
Ela, o fecho éclair.
Abri o fecho éclair 
e ela já tirava a calça.
Jeans!
Tirei a minha também,
Veludo!
Concentração..
Cachoeira?não! 

Torneira.
Calha de chuva
Demorei a sair.

E sem deixar rastros
Preservamos
a nossa identidade
Secreta.


Vida Boa

comer dormir trepar
comer dormir trepar
comer dormir trepar
trepar comer dormir
dormir dormir dormir
ler dormir trepar
comer

trepar comer dormir 

trepar comer dormir
ler dormir
dormir
comer dormir
beber trepar

comer dormir trepar
filme fumar beber
fumar filme dormir
fumar trepar dormir
comer praia
beber beber
trepar trepar
comer dormir
trepar
feito gato

no mato
sumir
viajar



Pecadora Irma 

Ele me chamou
de cavala 
batizada
E batizada
me ofendeu 
mais do que 
cavala


Amanhece
O corpo marinado de cerveja
Moído já de longa caminhada
Ansiava ser comido.
Torrados os miolinhos
no canto da imensidão.
Era nuvem escura em céu azul. 
Aumentava a fome da moça.
Crescia o desejo  
de carne.
Outra vez
Morta!
Um combo de frustração com maionese 
escorrendo no canto da boca,
e o derradeiro arroto
de qualquer cola.    




A prece 
Crio uma pasta. 
Estreito minha relação. 
Me abro. 
Me ofereço inteira. 
Curvada à sua tela 
em branco
em preto
O trabalho vão transborda
disputa
estremeço
Já há muito criado! 
Me deixe então 
Crua 
chuva e sol
nua, bóia, puta ou rede.
Prometo, de quando em quando, 
fazer contato humano.  
Do meu isolamento ao teu lamento,  
à tua lamúria da vida dura. 
Em intervalos ínfimos de paz 
transcorro a pseudo alegria 
do nosso cárcere fugaz.


Vaga
Ainda se pesca no Rio Capibaribe.
Há um corte entre as minhas pernas
por onde os barcos adentram.
Ainda há gozo!
E o desejo irresponsável por um filho
que não veio.
Sangramos pela manhã.




bicho que voa 
Porta da bananeira
Maconha flor jardim
Sabão barriga pia 
Pia, passarinho! 
Tua companhia
brinca
passa ligeiro 
vento
cabelo! 
Arco-íris, dois.
Fogo inteiro.
bagunça cabeça
e eu fico a pensar:
Como será a trepada
do mosquito no ar?!


casa de Leoa
Nosso amor
mancha cama
desmancha ar
amansa
amassa
ameaça fogo
faz chama
de lar.


Laços Lençóis
A menina que
olha pro lado
olha de lado
pro lado 
de lá!
A menina
que olha pra frente

olha pra gente
com olhos de mares
Laços de sóis
Laços de lares
A menina
de olhos de fachos

laços disfarços
Laço desfaço
Descalços passos
Nuvem Lençois


Queda
o fato de eu cair
não significa morte,
mas movimento.
a queda aquieta
e traz de volta ao centro
e parece que começa
tudo outra vez


 
Fim
Suma da minha vida!
Não!!!
Apareça assim:
como num quadro abstrato.
Sem moldura,
com fortes cores e traços.
Movimento inconstante
porém fluido,
tu serás outro.
Eu serei duas ou três.
Nunca mais quero você!
Ouviu?!
Só mais essa e talvez aquela
Outra?!
Suma da minha!
Evapora,
Névoa!
Ou me devore sutil
pra que te sinta
mas não te reconheça
E amanhã?
Tu orvalho, eu seiva
Esmaeça.





Gia
todo dia ela adia
todo dia ela adia
todia ela GIA
todo dia
elegia


janeiro suor e leite
vou parir terra
eu,
fogo e ar.
medo junto
amor de muito
mexe
expande
estica.
capta
por osmose
tudo que vibra'
vibra'' mais!
arrepia
dilata veia
em lento e
(in)constante
gozo
num sobe e desce
cresce
à espera
daquele lugar que nunca fomos
e nada nos é estranho.
 
 
Adormeço

 

Ando esquecida.

Faço as compras e as abandono no caminho.

Perco as chaves e o celular diariamente.

Tenho relacionamento intimo com São Longuinho.

 

Me perco.

Me jogo no outro.

Nada encontro.

Mudo o ritmo. Danço.

Amo com todas as minhas forças!

Esqueço.

 

Saio correndo com total convicção

sem saber pra onde.

Ser

Perder

Repito erros

Esqueço.

 

Não sei andar devagarinho

Recuo

Despejo

Raiva Carinho

Desejo todas as bocas

do mundo

Sumo.

Vejo minha mãe em mim

Vejo no meu pai envelhecido

nós atados.

Esqueço

 

Digo a meu filho:

- Chama a coragem.

Ele chama:

- Coraaaaaaaaaagem!

- Ela não apareceu, mamãe.

Mas vá mesmo assim.

Digo a ele. Digo a mim.

 

 

Brinca em tua solitude

Brinca

com toda fauna flora

Urge

Ame você Outre

Nada te ofereço

de seguro

Além das boas risadas

e andar de mãos dadas

Já não sei onde estamos.

Vamos.

Pula o muro!


O mar avança sobre as casas.

Na casa

Desisto 

do comando que nunca tive.

Receio me tornar velha

Sendo velha desde os 20.

 

Num diluvio a conta gotas

mergulho.

em cachoeira, cabeça em pedra

nado desesperadamente

com um cordão umbilical amarrado

dos pés ao pescoço.

Alvoroço


 

Devorada em lar maior

Como tudo em sustenido

Difícil escolher um sabor.

Pq então

carregar

há tanto tempo

a mesma dor?

 

Adormeço.